sábado, 12 de março de 2016

A injustiça no futebol

Neste post, quero falar de dois acontecimentos relativamente recentes do futebol português. Refiro-me ao Mundial de sub-20 e ao Europeu de sub-21, mais concretamente à prestação portuguesa nestas duas competições de futebol jovem.
Como é do conhecimento de todos os que leem o blog, tenho um carinho especial pelo futebol de formação, logo acompanhei ao pormenor a Seleção na Nova Zelândia (U20) e na República Checa (U21).

U20

Começando pelos mais novos... A Seleção Nacional de sub-20 partiu para a Nova Zelândia com 23 jogadores (ver outro post) e com uma enorme esperança de vencer este troféu pela terceira vez na história. Depois dos feitos de Riade e de Lisboa, para a equipa de Hélio Sousa, campeão mundial do escalão em 1989, o sonho era bem real, ainda mais depois da conquista do vice-campeonato europeu de sub-19 no ano anterior.

A jovem equipa capitaneada por Tomás Podstawski estava inserida no grupo C com o Senegal, o Qatar e a Colômbia.
  • No primeiro jogo, venceram por 3-0 o Senegal, com o primeiro golo a chegar logo aos 28 segundos por intermédio de Gelson Martins. Aos 89', Hélio Sousa decidiu substituir o marcador do golo inicial por Nuno Santos, e este rendeu imediatamente. Entrou, fez assistência para André Silva, que fez o 2-0, e ainda marcou um belo golo. Com tantos acontecimentos, o "suplente mágico" emocionou-se e foi confortado pelos colegas e pela equipa técnica e staff. Lembre-se que o extremo do Benfica foi dispensado do último europeu, após lesionar-se logo no início da prova.

  • No segundo jogo, defrontaram e golearam o Qatar por 4-0, com golos de André Silva, Ivo Rodrigues (2) e João Vigário. De destacar, a exibição de Ivo que, para além de ter bisado, ainda fez uma assistência. Além disso, um dos seus golos foi de bicicleta que acabou por ser nomeado como um dos melhores da competição.

  • No terceiro e último jogo da fase de grupos, foi a vez da Colômbia perder por 3-1 frente a Portugal. Num jogo que apenas servia para definir o primeiro e o segundo lugar do grupo, o selecionador português poupou algumas peças fundamentais e deu oportunidade a jogadores menos rodados. Logo aos 3 minutos, na sequência de um livre direto, Nuno Santos abriu o marcador. Coube ao ponta de lança de serviço, André Silva, marcar os dois restantes golos (um deles de penalty). Borre reduziu para a seleção sul-americana.

A seleção sub-20 conseguiu o apuramento, qualificando-se em primeiro lugar do grupo. Nos oitavos de final, enfrentaram os anfitriões neozelandeses.
  • Nesta fase do tudo ou nada, Hélio Sousa não arriscou e apostou tudo, colocando o onze mais forte, não podendo contar com Francisco Ramos, que cumpriu um jogo de suspensão após ver dois amarelos na fase de grupos. Logo aos 24', a seleção lusa adiantou-se no marcador por Raphael Guzzo. Com nada a prever, a Nova Zelândia empatou (64'). Já com o prolongamento à vista, Gelson fez o que mais gosta: fintou, fintou e marcou um golaço de trivela, apurando assim Portugal para os quartos de final.
Após a vitória por 2-1, seguia-se o Brasil, um histórico favorito, que  já tinha "roubado" o título a Portugal em 2011, vencendo a final por 3-2 após prolongamento.

  • Portugal entrou muito bem e desde logo mostrou o seu domínio. Domínio este que se manteve durante os 90 minutos. O que também se manteve foi o nulo no marcador. Apesar de todas as ocasiões lusas e da falta de atitude brasileira, Portugal não conseguiu marcar e assegurar a vitória e, consequente, apuramento para as meias-finais. A bola chegou a bater no poste por intermédio de Rony Lopes, que protagonizou as melhores oportunidades da nossa seleção. Seguiu-se o prolongamento. Os 30 minutos extras só realçaram a superioridade portuguesa e, também, a falta de "pontaria". Mas nada feito. Vieram as grandes penalidades. O Brasil começou por Andreas Pereira que conseguiu marcar (1-0). Por Portugal veio Rony Lopes que também concretizou (1-1). Lucão não conseguiu marcar e atirou para fora (1-1). Guzzo também errou, atirando fraco e para o centro, o que permitiu a defesa de Jean (1-1). Danilo, jogador do Sp. Braga, não tremeu. (2-1) Sob pressão, André Silva atirou ao lado (2-1). Gabriel Jesus não vacilou e aumentou a vantagem brasileira (3-1). Com "o mundo nos seus ombros", Nuno Santos cedeu sob pressão e atirou muito por cima. Aquele pontapé levou os sonhos portugueses de vencer esta competição (3-1).

U21



Quanto aos sub-21, as esperanças eram elevadíssimas, já que tinham obtido um registo 100% vitorioso na fase de qualificação. Rui Jorge levou 23 jogadores para a República Checa. Estes foram: Bruno Varela, Daniel Fernandes, José Sá, Frederico Venâncio, João Cancelo, Paulo Oliveira, Raphael Guerreiro, Ricardo Esgaio, Tiago Ilori, Tobias Figueiredo, Tozé, Bernardo Silva, João Mário, Rafa, Rúben Neves, Sérgio Oliveira, William Carvalho, Carlos Mané, Gonçalo Paciência, Iuri Medeiros, Ivan Cavaleiro, Ricardo Pereira e Ricardo Horta.


Portugal estava inserido no grupo B com Inglaterra, Itália e Suécia.
  •  No primeiro jogo, Portugal encontrou a seleção inglesa. Num jogo muito equilibrado com grandes jogadores dos dois lados, João Mário conseguiu desbloquear o marcador e garantir a vitória da seleção das "Quinas".

  • Seguiu-se a seleção italiana. Mais uma vez, o equilíbrio foi o fator dominante. E o jogo acabou 0-0.

  • No último jogo da fase de grupos, em que apenas bastava um empate para assegurar a passagem às meias-finais, Portugal encontrou a Suécia, que contava com a presença do benfiquista Lindelof. O golo português só chegou após os 80 minutos por intermédio de Gonçalo Paciência. O avançado portista ainda deixou os portugueses em vantagem mas perto do apito final, os suecos empataram. Com este resultado, ambas as seleções se apuraram para a fase seguinte (Portugal em primeiro e a Suécia em segundo), deixando pelo caminho as poderosas Itália e Inglaterra.  
Depois de ultrapassada a fase de grupos, Portugal encontrou a, sempre poderosa, Alemanha.
  • Era esperado um jogo equilibrado e nem o mais louco iria prever este resultado: 5-0 para Portugal! Bernardo Silva inaugurou o marcador aos 25 minutos. Ricardo Pereira marcou o segundo golo português aos 33'. Ao fechar a primeira parte, Ivan Cavaleiro aumentou para 3-0. No reatar, João Mário marcou o 4-0 (46'). Ricardo Horta fechou as contas do marcador aos 71'. Com esta goleada improvável, mas inteiramente merecida, a seleção das Quinas assegurou a passagem à final da competição.
Quem também se apurou para a final foi a Suécia.
  • Tal como aconteceu com os sub-20, o domínio foi total, principalmente na primeira parte. Mas essa superioridade não se traduziu em golo(s). A Suécia não demonstrava cansaço, o que permitiu atacar fortemente no final da segunda parte, altura em que a equipa portuguesa já estava exausta e frustrada por não conseguir resolver a final e conquistar o título. Nada se alterou e o jogo seguiu para prolongamento, onde a Suécia mostrou que afinal estava ali. Portugal também deu luta mas nenhuma das equipas conseguiu finalizar. Vieram, mais uma vez no Verão português, as grandes penalidades. A Suécia começou e Guidetti não falhou (1-0). Seguiu-se Portugal e Gonçalo Paciência igualou o marcador (1-1). O sueco Thelin conseguiu converter, embora José Sá tenha acertado no lado, algo que já tinha acontecido no primeiro penalty (2-1). Em seguida, veio Tozé, que não desiludiu e também marcou (2-2). Embora José Sá tenha, mais uma vez, adivinhado o lado, Augustinsson conseguiu colocar a bola no fundo das redes portuguesas (3-2). Seguiu-se Ricardo Esgaio, que desta vez não conseguiu enganar Carlgren e permitiu a defesa do sueco (3-2). Na vez de Khalili, José Sá conseguiu mesmo defender e não aumentar a vantagem adversária. João Mário não dececionou os portugueses e enganou o guarda redes sueco, empatando a "lotaria" (3-3). Chegou a vez do benfiquista Lindelof e este não vacilou (4-3). Estava tudo nas mãos do "comandante" William. O médio não finalizou corretamente, o que permitiu a defesa do guardião adversário. E naquele penalty, as esperanças portuguesas acabaram.

Apesar destes dois desfechos portugueses, não se pode apagar todo o excelente trabalho feito por estas duas equipas e respetivas comitivas. Nenhuma destas eliminações e derrotas foram merecidas mas servem para aprender. Aliás, nenhuma equipa ou o orgulho por ela deve ser medido a partir da marca dos 11 metros. Agora é preciso levantar a cabeça, aprender com os erros e treinar muitos penáltis, porque a qualificação para o próximo europeu sub-21 começa em setembro e os Jogos Olímpicos também estão a chegar.




Somos uma família!

Nos bons momentos...
    Seleção sub-21
    Seleção sub-20
    E nos maus momentos...
    

OBRIGADA PORTUGAL!



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